12.3.11

Também quero!

Celso de Almeida Jr.


Publicado no jornal A Cidade - Coluna Política & Políticos
Ubatuba-SP, 15 de janeiro de 2000


Alertado por um amigo policial civil, percebi que em meu penúltimo artigo desprezei uma palavrinha importante na pergunta: "Você concorda que a segurança pública TAMBÉM é responsabilidade da Polícia Militar?" Esquecendo o TAMBÉM magoei as polícias. Tire-o e confira. Parece que só considerei a PM. Na verdade, nossa segurança também conta com a Polícia Civil, a Polícia Federal, instituições e pessoas que tentam fazer um bom trabalho com recursos mínimos. Os picaretas que integram as polícias e mancham a história destas corporações são minoria e o regime democrático se encarregará de expurgá-los. É preciso, porém, dar tempo ao tempo.
E por falar em polícia, ouvindo um CD do Raul Seixas, de quem sou eterno fã, topei com a música Al Capone. Na mesma hora lembrei-me de Elliot Ness, agente federal americano que cercou-se de policiais incorruptíveis para enfrentar o terrível gângster de Chicago que fazia da cidade seu quintal particular.
Veja como as coisas são: Al Capone, gângster que dominou o crime organizado nos EUA entre 1925 e 1931, perigoso e corrupto, tinha uma estrutura criminosa tão perfeita que os policiais honestos não conseguiam flagrá-lo em delito. Isso até encontrarem um descuido com o imposto de renda. Não deu outra: pegaram a fera por sonegação fiscal.
Às vezes, os caminhos que a Polícia e a Justiça têm que usar para enquadrar cidadãos suspeitos são alicerçados na constatação de desrespeito à alguma lei, digamos, desfocada do crime original.
Terrível mesmo este Al Capone. Usou diversos recursos contra a legalidade. Apesar de criminoso, mostrou ter inteligência. Difícil compará-lo à alguém. O final porém, é igual para todos: "O crime não compensa."
Veja o que faz a caneta: Polícia lembra investigação. Investigação lembra Al Capone. Al Capone lembra gângster. Gângster lembra metralhadora, principalmente as clássicas Thompson, aquelas que os fora-da-lei acondicionavam em estojos para violinos! Assim dissimuladas, quem poderia dizer se aqueles "violinistas" iriam sair disparando rajadas de .45 ou se realmente vinham para mais uma apresentação nos restaurantes finos de Chicago?
E por falar em metralhadora...
Na última semana de 1999, na TV Globo, em pleno jornal regional, topei com ele, de novo. Após longo sumiço, voltou com a metralhadora giratória saraivando ressentimentos.
Malhou o Prof. Corsino Aliste Mezquita e o Dr. Vicente Malta Pagliuso. Assim mesmo. Dando o nome e o sobrenome destes respeitados defensores da cidadania. A reportagem da Globo imediatamente gravou as respostas dos dois. Contrastando com o Zizinho, saíram-se muito bem. A segurança e o equilíbrio das palavras do Prof. Corsino e do Dr. Vicente evidenciaram quem está desorientado nessa história.
Esperei o atual ex-prefeito mirar em mais gente. Aguardei citar o meu nome, afinal, tenho direito. Entretanto, nem me deu bola. Poxa vida! Depois de tudo o que eu falei e escrevi sobre ele, será que eu não mereceria ser lembrado? Também quero! Garantiria os meus segundinhos de fama, na Globo. Mas, estas grandes emissoras são dirigidas por profissionais competentes. Estes, ao descobrirem Euclides e seus tiros inconsequentes, devem ter concluído que precisariam entrevistar a cidade inteira. Seria um direito de resposta coletivo. Eles estão certos. O tempo na televisão é muito caro. Tudo bem. Considero-me bem representado pelo Dr. Vicente e pelo Prof. Corsino que, além do mais, ficaram bem na telinha. Se o Zizinho topasse, daria até uma novela nos moldes da consagrada Vale Tudo. Para quem lembra, só espero que o final seja diferente. Não suportaria vê-lo, num helicóptero, batendo em retirada e dando uma banana para nós. Como eu daria um jeito para integrar o elenco, não deixaria de atuar nas mesmas fileiras do Doutor e do Professor. Vovó já dizia: procure boa companhia. Certamente, a potência do meu estilingue não derrubaria a aeronave. Mas que eu tentaria, tentaria.

PS: Por alguma razão, na edição passada, foi repetido o artigo "Além do horizonte". Pensei que o jornal inauguraria a coluna Teletubies: Artigo...de novo!! Mas a falha, apesar de deixar o texto de hoje fora de época, permite esperar abaixar a poeira para avaliar melhor a recente troca do secretariado. Entretanto, sobre esse assunto, o "Também quero!" não se aplica.

Al Capone
Raul Seixas