23.4.11

Drops

Celso de Almeida Jr.


Publicado no jornal A Cidade - Coluna Política & Políticos
Ubatuba-SP, 29 de abril de 2000


Dulcora era a marca que eu gostava. Somado ao lanche Mirabel e a garrafinha de Crush, fazia eu acreditar que estava garantido para a vida.
Tempo adorável a infância.
Sonhos fantásticos, esperança em tudo.
Incapacidade para perceber a luta dos pais com a manutenção da família.
Gravei uma passagem interessante.
Convidei a garotada para brincar em nosso quintal. Certa hora, pedi à mamãe um suco para a turma.
Surpresa! Na geladeira tinha um limão. E mais nada. A cena da porta da Consul se abrindo; olhar aquele limãozinho isolado e perceber o vazio gelado daquele espaço representaram os momentos iniciais em que despertei para a nossa dureza. Mas, mesmo ralinha, saiu uma limonada. Fui salvo pelo açucar. A garotada gosta de coisa docinha. O limão, ficou na essência. Ainda sobre o Dulcora, o bacana era a diversidade dos drops.
Inspirado neles, faço o artigo dessa semana.
Colorido variado. Sabores distintos.
Parafuso: Zizinho, na rádio, fez um estrago. Desagradou muita gente. A revolta com a situação que ele próprio criou vem revelando, ao grande público, que muitos parafusos estão desajustados. Eu não deveria lhe dar conselhos. Mas, no fundo, sou bonzinho. Sair de cena é a melhor coisa que ele tem a fazer. Ao insistir em frequentar a mídia, está mordendo a isca daqueles que já perceberam seu desequilíbrio. É preciso explicar que sua regulagem não será feita em oficina mecânica. Há especialistas para tudo. Até para o caso dele.
Porca: Todo parafuso sonha com uma linda porca para atarraxá-lo. A porca do parafuso do Zizinho chama-se PODER. Ele precisa dela. Ela precisa dele. Para isso, usa qualquer ferramenta para o aperto. Suas atitudes, para viabilizar uma liminar que o reconduza a prefeitura, podem gerar duas situações: voltar a zorra ou espanar a rosca. Para o seu conserto e para o nosso sossego, continuo insistindo que saia de cena. Quem avisa, ex-amigo é.
Sesi nº 15:Marco Antônio, coordenador do Procon, foi meu coleguinha no Sesi. Crescemos juntos. Ao lado de tantos jovens, sonhamos dias melhores para Ubatuba. Hoje, integramos o mesmo partido, o PTB. Divergimos, entretanto, quanto ao rumo que a legenda deverá tomar. Marco é pró Paulo Ramos. Eu, apoio Vera Coutinho. Outros, preferem Nélio. Todos sabem que a decisão final não pertence a mim, nem a ele. Apesar do Marco presidir o partido e cuidar, com bastante talento, de toda documentação, serão os convencionais que apontarão, em Junho, o caminho que o PTB de Ubatuba irá trilhar. Decisão democrática, por maioria. Até aí, tudo bem. Aceitaremos a decisão e defenderemos a legenda. Mas esta do Marcão cozinhar a entrega da relação dos convencionais à Vera Coutinho, ficou chato. Reconheço sua paixão pelo PTB. Mas não custa nada abrir sua pastinha e entregar uma xerox para a Vera. Não pega bem querer driblar o direito de uma filiada. Ainda mais sabendo que o tempo que ela dispõe para divulgar sua proposta é muito curto. Mas, tenho fé. Nos tempos do Sesi, ele jogava limpo. Acredito que hoje, apesar da alta pressão, vai honrar o seu passado.
ADC:Já chamara a Associação em Defesa da Cidadania de Associação Dor de Cabeça. Faz sentido. Dói em quem é citado; dói no corajoso José Carlos da Silva, que preside e assina pela entidade. É chumbo de todo lado. Processo, intimidação, ameaça. Faxinar uma cidade exige homens de fibra. Em Ubatuba, temos muitos. É preciso uni-los. Dividem-se sem perceberem. Deixam-se iludir. Aceitam, inocentes, banhos de confete. É assim que embarcam no grupinho daquele, na turminha do outro, não percebendo que aquele e o outro são uma coisa só. Quando a orquestra dos bem intencionados for montada e afinada, certamente vamos prosperar.
100 dias: Andrade amansou os políticos. Faz, entretanto, o joguinho de Paulo Ramos. Dr. Rezende, presidente do PFL, deve estar feliz com Andrade. Tão feliz que já coordena uma frente de partido pró Paulo Ramos. Devo, porém, adverti-lo: se usar a máquina da prefeitura, brindando alguns com emprego ou função pública, procurando "facilitar" sua composição política, poderá gerar a inelegibilidade de seu candidato. É o que prega a lei 64/90. Nesse caso, que avisa, amigo é.
Acabou o drops.
Só tinha um puquinho.
Tá bom! É mentirinha. Sobrou um montão. Mas, vou guardar.
Depois daquela do limão, aprendi que poupar é fundamental. Ajuda nas horas de aperto. Mas pode ficar tranquilo. Também aprendi a dividir. Nos próximos encontros, tem mais.

Aquarela
Toquinho